sexta-feira, julho 25, 2014

(ainda) está aí alguém?

quase de volta - noutro lugar, perto daqui.

até já.

domingo, setembro 13, 2009

"Abraços Desfeitos"



Tenho uma nova actriz fetiche: Penélope Cruz. Depois da Raimunda de "Volver", a Lena de "Abraços Desfeitos" confirmou-me o que já sabia - esta mulher é um portento de actriz. Completamente despida da persona que é na vida real, longe de tudo o que imaginamos dela, quase perfeita nas suas imperfeições. Carnuda, sim, aquilo sai-lhe das veias, da pele. Nunca vi nada com ela, made in Hollywood, que me tivesse chamado a atenção, talvez apenas o "Elegia", mas isto é Almodóvar. E se não é vintage, como se escreve por ai, que não seja, porque eu gosto muito deste Pedro. Incomodou-me o suficiente para continuar a achar que é um contador de histórias incrível; um homem com uma imaginação extraordinária; um realizador que sabe escolher e guiar os seus actores; e um cineasta que filma, como poucos, momentos que nos fazem lembrar como a vida é finita.  

sexta-feira, agosto 28, 2009

Conselho de amiga

Isto é para ver. Ontem.
(e tentem que seja numa noite com a Wanda Stuart)

domingo, agosto 16, 2009

O medo mata mais rápido

A gripe A é uma pandemia que atinge números assustadores, dizem. E o pânico à volta do tema leva a coisas destas. Imperdoável.

segunda-feira, agosto 10, 2009

The show must go on

foto: deviantART

I'll tell you when. And where.

sexta-feira, julho 24, 2009

Frases finais?

Está-me a custar largar isto. Tenho a sensação de me estar a despedir de um filho que vai entrar na faculdade.

segunda-feira, julho 20, 2009

"Elegia"

Deixei de saber escrever, mas continuo a apreciar bons filmes

segunda-feira, junho 29, 2009

Luz

"Ando na vida à procura de uma noite menos escura que me traga o luar do céu. De uma noite menos fria em que não sinta a agonia de um dia a mais que morreu".
Triste Sorte - Camané

sexta-feira, junho 26, 2009

R.I.P. Jacko...

quinta-feira, junho 25, 2009

Mulheres grávidas

Quando me faltarem nove meses para ser mãe quero estar assim

Portugal dos pequeninos

Leiam isto, encolham os ombros, e pensem que a culpa não é vossa.

quarta-feira, junho 24, 2009

Ignorar a primeira opção, sff

Neura - s.f.
neurastenia
irritação, nervosismo; mau humor
ideia fixa, mania, maluqueira

quarta-feira, junho 17, 2009

terça-feira, junho 16, 2009

Parlamento

Anti-visitas-ao-cabeleireiro. Anti-energia. Anti-sorrisos. Anti-inspiração. Anti-harmonia. Anti-tranquilidade. Anti-beleza. Anti-perfeição. Anti-generosidade. Anti-educação. Anti-elegância. Anti-tesão. Anti-compreensão. Anti-exemplo. Anti-atracção. Anti-sedução. Anti-inspiração. Anti-interesse. Não, não é o Cristiano Ronaldo. É o Vítor Constâncio, essa figurinha ridícula deste nosso Portugal.

segunda-feira, junho 15, 2009

Os pequenos benfiquistas que há em mim

A conjuntivite que há mais de uma semana me afecta (e pelos vistos os neurónios também, isto lá é maneira de se começar um texto) parece ter passado o dia fechada no meu sótão (até agora ninguém se afastou de mim à pala dos meus olhos vermelhos). Nada que ela (essa grande puta, que mal chego a casa logo trata de chamar as "amigas dor de cabeça" e "ouvidos à beira de rebentar") tenha dificuldades em resolver: é ver-me a planear um banho de imersão de meia-hora (no qual nunca fico mais do que sete minutos), um serão de leitura (inevitavelmente, pego nas revistas e os livros ficam a limpar as estantes), e logo desce para me atazanar a mente já de si pouco tranquila (mente sã em corpo são é um ditado que por estas bandas não se conhece). Mas não é só. Ná. Hoje, no teatrinho em que se transforma qualquer saída de Lalaland, houve voz de Viseu, "sss'ss" a torto e a direito, risadas da directora e alegria na redacção. Eu falei axim o dia todo. Três vivas para a afta que se plantou na minha língua desde a semana passada como os benfiquistas se plantam no Colombo 12 horas antes de um jogo do Benfica, e que atingiu o seu ponto máximo no sábado, no domingo, e há bocado de manhã. Três vivas para o meu sotaque amaricado, sopinha de massa, sem eira nem beira, que fez de mim um pequeno bobo da corte. Do pescoço para cima há pouca coisa a funcionar a 100%. E depois é suposto ter cara alegre e afastar os pensamentos negativos. Pois, sim.

segunda-feira, junho 08, 2009

Achei que o Robert Pattinson merecia um post

Há aqui (nele, leia-se) qualquer coisa. Mesmo não tendo visto ainda esse caso de sucesso que é "Crepúsculo", e sabendo que um rapazinho nascido em 1986 é um bocadinho novo demais para eu considerar...

domingo, junho 07, 2009

Eleições?

"Não falem de um homem que amou sensatamente, falem de um homem que amou demais"
William Shakespeare

Como perder uma mulher em 10 segundos

Ninguém se perde ou se ganha, é um facto. Muito menos em dez segundos ipsis verbis. Mas facilmente se fica, para sempre, sem uma mulher nesse curto espaço de tempo - porque ele contém tudo o que está para trás e que ficou por resolver. Na vida real, é assim: no meio de uma discussão por causa da toalha molhada em cima da cama, da tampa da sanita que invariavelmente não estava para baixo, ou das luzes da sala acesas para ninguém, cresce o rastilho que dá vida longa a esses dez segundos. Porque um dia vai ser o aniversário esquecido, a mentirinha piedosa, as tardes no café sem falar, o sexo sem preliminares, as noites a ver futebol e as madrugadas a ver fórmula 1... E porque isto tudo não interessa realmente nada, mas até o que não interessa realmente nada homem e mulher perdem tempo a discutir, vai-se gastando a vida das palavras, dos abraços, dos sentimentos. Vai-se perdendo a vontade. Depois, quando chega a altura de falar sobre coisas sérias, já nem um nem outro são a mesma pessoa. Estão gastos. A mulher, ela, vai ouvindo, vai dizendo, vai explicando, vai tentando, vai fazendo, vai aguentando. O seu papel secular de sexo fraco deu-lhe uma capacidade enorme de aguentar - de deixar ver se... Até que um dia há um interruptor qualquer que se desliga no seu coração e, zás!, em dez segundos, e não mais que dez segundos, ela perde, para sempre, aquilo que a mantinha na corda bamba. Nem sequer é questão de "não dar mais" ou "acabou". Pura e simplesmente, morreu. 

sexta-feira, junho 05, 2009

Back.

"I took a deep breath and listened to the old bray of my heart. I am. I am. I am."
Sylvia Plath

sexta-feira, maio 22, 2009

Holidays

Oh-I-feel-almost-so-relaxed...

quarta-feira, maio 20, 2009

Nem vale a pena perguntarem...*

Se eu escrevesse só para encher chouriços, atingir os dois mil posts, ter mais seguidores, arranjar mais leitores, aconchegar a caixa de comentários, atacar alguém do meu posto de trabalho, ou vangloriar-me da minha vida com o novo namorado, a casa nova que acabámos de alugar e os nossos dez carrinhos de bebé, escrevia um post sobre a professora (?) de História que ia para as aulas falar de sexo e assustar os alunos, só porque sim. Como não é esse - nenhum desses, aliás - o caso, e porque não consigo (nem sei se quero) expressar a minha opinião sobre o assunto, guardo a minha pena até se justificar.

*... este textinho tem tantos destinatários, que em Lisboa e arredores não há chapéus suficientes para todos.

sexta-feira, maio 15, 2009

Antony

It was dark and we went to see Antony. The show was sold out and the people were quite anxious. I was not. Antony makes me quiet, his music makes me quiet. So we went to see Antony and his Johnsons friends, the man who sings our thoughs and our really dangerous broken dreams, the ones we can’t talk about, the ones we can’t put in words ‘cause they are just too far away from our misterious reality.
So the show began with a bird – this guy loves birds, I guess it’s because they’re free and can fly away from pain and ugliness. Then the singer himself came out of somewhere with his bandmate friends. The room had lights off. No – the room, it seemed, had no lights. Could we reach ourselves in one hour or so just by listening to music?

So Antony, the man who sings a language I once could talk about day and night, sang one of his sad little stories and I got out of the room. Between one our or so I went to the old me. I felt my old feelings. It was not supposed to be good or bad. It was supposed to be felt.

So yes, we can reach ourselves in one hour or so just by listening to music. To sweet, sad, melodic, beautiful music.

Antony made my day.

quinta-feira, maio 14, 2009

Desabafo (deve ler-se devagar): Não tenho nada para vestir*

(foto do genial Tim Walker)

*e só não penduro a minha cabeça porque não dá para pôr luz lá dentro

quarta-feira, maio 13, 2009

13.

Não consigo escrever porque não. Se as teclas tivessem tinta não saia nada, e se o blog fosse um carro estava num ferro-velho a tentar meter a primeira enquanto deitava fumo pelo tubo de escape.
Não consigo escrever porque tenho medo dos cartazes cinzentos do PSD em que a Manuela-desenterrada-Ferreira-Leite aparece como um fantasma a pedir-nos para não desistirmos.
Não consigo escrever porque o Sporting não ganhou nada este ano, melhor, mais uma vez, o Sporting não ganhou nada – mas não, ainda não desceu ao nível daquele outro clube começado por B.
Não consigo escrever porque continuo dependente do tempo que faz na rua para o que faz na minha cabeça e claro, dá merda.
Não consigo escrever porque vou para Nova Iorque e ainda não ordenei na cabeça os sítios onde quero voltar e os que quero conhecer. Não consigo escrever porque vou para Nova Iorque e tenho a certeza que o dinheiro que faz a minha conta é insuficiente para me saciar, e isso deixa-me ligeiramente infeliz. Muito infeliz, aliás.
Não consigo escrever porque tenho um casamento antes de ir para Nova Iorque, outro assim que chego, e outro ainda umas semanas depois – e isso é muito outfit para a cabeça de uma mulher.
Não consigo escrever porque o Facebook expulsou o Klu Klux Klan das suas páginas, e eu acho tão bem feito que sinto vergonha de não ter escrito um post sobre isso.
Não consigo escrever porque o meu workplace tem papelinhos ao pé do elevador que nos ensinam a lavar as mãos “antes e depois do dia de trabalho”, “debaixo de água, durante 30 a 60 segundos”, e de cada vez que leio isso perco quarenta e sete neurónios, e tenho medo de estar num hospital para tontinhos.
Não consigo escrever porque não tenho chorado, não me tenho sentido triste, e, isto sim é grave, começo a achar que a qualidade da minha escrita está directamente relacionada com a quantidade de negritude que se abate sobre mim.
Não consigo escrever porque agora já não me deito com os pássaros, e who cares, fico demasiado cansada para pensar na vida, no amor e nas vacas – estou mais numa de... vocês percebem.
Não consigo escrever porque no momento certo da coisa sair cá para fora estou no Largo Camões, em frente ao Tejo, no meio do trânsito ou noutro sítio qualquer onde é impossível existir, num raio de metros, qualquer objecto parecido com um computador e uma ligação à internet.
Sim, julgo que é isso.

sexta-feira, maio 08, 2009

Fim-de-quê?

Não, para mim não é o último dia da semana, por isso não, não me estou a preparar para o fim-de-semana. Sim, o tom é mais ou menos de pouco humor. Que ninguém me fale em night's out e coisas do género. Fodeu meu time.

quarta-feira, maio 06, 2009

Não sorrias, estás a ser vigiada

A minha empresa agora trabalha em modo Big Brother-Aushwitz. Postar, só se for de corrida, copy-paste's trazidos de casa, ideias brilhantes à hora de almoço, imagens que valham mais do que mil palavras, e pronto. De resto, só nas horas livres. Já falamos no assunto...

terça-feira, maio 05, 2009

Não há coincidências - ou há?

A diferença entre subir ou não umas escadinhas da praia onde nem areia há, e de onde a cor e o cheiro do mar se ficam pelo escuro da noite e a brisa da lua, pode ser igual ou maior ao momento certo e único que temos para dizer que sim: não demora nem dois segundos, mas muda uma vida toda. 

segunda-feira, maio 04, 2009

domingo, abril 12, 2009

A propósito de nada

Às vezes escrever custa. Magoa, dói. Ou porque não sai nada, ou porque tudo quer sair. Não se podem transformar em palavras todos os estados da nossa vida - sentimentos, então, menos ainda. E às vezes é melhor guardar certos instantâneos na nossa memória e no nosso coração. Sentar-me em frente ao ecrã para esborratar pr'aqui qualquer coisa só porque sim é demasiado penoso. Nunca o fiz. Ainda por cima, "o agora" ser bom demais. Em vez de estar a imaginar, como é meu hábito, estou a viver. [não me acordem deste sonho] Isto passa, claro. Posso não perder o nirvana - e não vou perder - mas hei-de conseguir agarrar-me a estas teclas com a força de outros tempos. "Voltar é uma ilusão. Estamos sempre indo", disse alguém. É verdade. Para trás ficam milhares de álbuns de recordações, que nunca se perdem, porque na altura em que aconteceram, foram únicas e intemporais. Não há dois momentos iguais. Não há dois dias iguais. Até a lua, de vez em quando, está mais cheia nos dias em que é suposto estar cheia. As coisas evaporam-se a cada segundo que passa. E eu também não quero voltar. Matar o presente é ainda pior do que matar o futuro. "Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce", sugeriu Pessoa, ele próprio um crente minado de dúvidas. Mas quem sabe, talvez pelo menos os homens sonhem e as obras nasçam. Pequenas ou grandes, visíveis ou não. Explicáveis ou desse mundo mágico que guarda os tesouros sem explicação. 

A minha vida é um post. Nem sempre dá para escrever todos os dias.

terça-feira, março 31, 2009

The perfect marriage proposal

Ike Graham: Look, I guarantee there'll be tough times. I guarantee that at some point, one or both of us is gonna want to get out of this thing. But I also guarantee that if I don't ask you to be mine, I'll regret it for the rest of my life, because I know, in my heart, you're the only one for me.
in "Runaway Bride" (dá para acreditar?)

NOTA: Num animado jantar de sábado, entre gajas-mulheres-que-gostam-de-ser-como-são, a propósito da solteirice e tudo mais...

domingo, março 29, 2009

A hora mudou.

"É preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma"
(Giuseppe Tomasi di Lampedusa, em O Leopardo)

terça-feira, março 24, 2009

Três anos: entre muitos, esquecendo tantos, escolho estes:

O meu (ainda e sempre?) poema preferido 
O primeiro palpite
A experiência com um BI
A campanha publicitária mais sui generis
O meu coração em Lisboa
A única carta de amor publicada
O fim do mundo em banda sonora
Os quandos que nos fazem viver
A descoberta dos desencontros
As saudades do meu avô
Um agora mais especial que os outros
As minhas melhores dúvidas 
O meu 54873º olhar sobre a vida
A minha tentativa de homenagear a minha outra cidade
O meu desespero pela vida em part-time
A minha paixão pelo impossível
O meu tempo de vida infinita 
A descoberta do amor 
A minha vertente de mini contadora de mini-histórias
O rosto menos bom do amor
A verdade mais pura das mulheres
O meu 11º mês, tinha que ser aquele
A outra verdade (não tão pura) sobre as mulheres

*A ordem é dos mais velhos para os mais novos, claro

Não, eu não diria...

...Mas às 03:53 do dia 24 de Março de 2006, em vez de estar a dormir o sono da beleza antes de mais um dia de trabalho, eu andava a criar um blog. Este. E entretanto (NO ESPAÇO DE TRÊS ANOS, QUERO EU DIZER) já lá vão não sei quantos textos surreais, opiniões (minhas) do outro mundo, demasiados momentos em lalaland, frases do arco da velha escritas e pensadas pela nova (eu), medos e fúrias, lágrimas (tantas, tantas), sorrisos e gargalhadas para um ecrã inerte, novos amigos invisíveis, e uma vida - a que deu para viver e fazer e estragar e recuperar em 36 meses. Tem sido uma aventura. É, no fundo, é isso: tem sido uma aventura de uma naif mascarada de boneca russa. Qualquer dia cresço mesmo e depois, como é? Chega de recordações. Já sei: obrigada por continuarem a alimentar o tal do sitemeter, essa coisa estranha que eu nem sei consultar...     

segunda-feira, março 23, 2009

Adenda ao textinho antes deste

Parece que a última frase do post anterior está a fazer confusão entre alguns leitores. Não sei se todos os que comentaram ou comentarão (ou os que ficaram sem vontade de comentar) já viram o filme, mas acho que poucos entenderam realmente o que quis dizer com o que escrevi. Talvez porque sejam visitantes recentes, e não conheçam, de todo, a minha maneira de escrever e, principalmente, de pensar.

"E que, sem o fazer, faz todo o sentido" não quer dizer que eu goste do final, que tenha especial prazer em ver pessoas morrerem (principalmente crianças), que seja defensora da tragédia (será que tragédia chega para qualificar aquele horror?) Holocausto, que julgue ser espectacular que tudo acabe mal e com lágrimas, etc, etc. Nada mais errado, meus caros. Só que o filme trata um assunto muito particular, visto de um lado particular - dos milhões de judeus que morreram injustamente e sem nenhuma, mas nenhuma justificação, como foi a curta vida de uma criança absurdamente inocente, cujo pai tinha dos mais altos cargos entre as SS? É justo que Bruno morra na câmara de gás, com o amigo do pijama às riscas? Não. Mas é onze vezes mais real do que aquilo a que estamos habituados.  

"O Rapaz do Pijama às Riscas"

Não sei se foi do nome, se foi má promoção e pior divulgação, cartazes poucos chamativos... o que quer que seja, não justificará nunca o quão despercebido passou este filme entre as salas de cinema portuguesas. Porque se as pessoas não forem ver, desconhecerão para sempre a inocência e os olhos azuis de Bruno (Asa Butterfield, de uma expressividade notável), uma criança alemã de oito anos que vive entre os comandos do Holocausto, mas que está longe de saber o que isso é. Só a sua inesperada amizade com o tal rapaz do pijama às riscas que dá nome ao filme, do outro lado de um arame farpado, o vai fazer perceber, aos poucos, que nem tudo é o que aparenta ser. É nesta revolta que entra a mãe de Bruno (Vera Farmiga), que não aguenta viver tão perto de um campo de concentração, principalmente depois de ter a clara noção do que ali se passa, numa cena em que um oficial lhe diz, em tom irónico, "Ainda cheiram pior quando os queimamos, não é?". Essa dor não é nada, quando comparada com aquela que a espera num final de cortar a respiração. E que, sem o fazer, faz todo o sentido. 

domingo, março 22, 2009

Só uma grande actriz pode dar grandes entrevistas


A Premiere de Março traz uma entrevista nada convencional com Kate Winslet; nada de perguntas sobre se teve de engordar para fazer o filme, se lhe custou mostrar as maminhas se, pela enésima vez, foi bom ou mau trabalhar com o marido no "Revolutionary Road", etc, etc. Sobre o filme que lhe deu o mais-que-merecido Óscar de Melhor Actriz, "O Leitor", existem várias boas perguntas e melhores respostas. Fica o excerto da que mais me emocionou.

"Foi bastante duro. (...) Entender a mente de uma pessoa iletrada - isso foi crucial para mim. Passei bastante tempo com um grupo de Nova Iorque, os "Literacy Partners". Eles ensinam homens e mulheres a escrever; isso foi mesmo o melhor que poderia ter escolhido, uma vez que precisava de ter contacto com o nível de humilhação sentido pelas próprias pessoas. Entender como vivemos com essa mentira, como isso afecta cada área da nossa vida. Sentei-me nessas aulas, ao lado de pessoas que estavam a aprender a soletrar gato [cat], morcego [bat], sentar [sat] e tapete [mat]. E algumas das pessoas mais novas do grupo tinham 22, 23 e algumas das mais velhas tinham 72, 73 anos. Pessoas que passaram toda a vida envergonhadas, sem nunca se terem virado para alguém a perguntarem se podiam ajudá-las. 
Houve uma senhora, em particular, que passou bastante tempo comigo - tinha pouco mais de sessenta, e aprendido a ler e a escrever dois anos antes - , e estava bastante orgulhosa de si mesma. Estava tão contente por poder dizer que tinha sobrevivido. Por isso, dizia-lhe, Espere um segundo. Como é que arranjou emprego? Que tipo de trabalhos teve? Bem, querida, deixe-me que lhe diga. Fui operadora telefónica, e quando não conseguimos ler nem escrever... Ganhamos o dom da fala - tornamo-nos bons oradores. Falamos com muita gente. Tentamos escapar à realidade. Mas eu dizia, Sim. Contudo, antes de tudo, como é que arranjou esse trabalho? Como é que preencheu os formulários? Oh, querida, alguma vez ouviu falar em ligaduras elásticas? Sim. Esquisito. Bem, dirigia-me à loja, comprava uma ligadura elástica, ia ter com a minha amiga e dizia, Oh, a minha mão; não consigo segurar numa caneta. Podes preencher estas folhas por mim? E dizia-lhe o que colocar. Sim, isto foi o que fiz durante anos e anos, ao longo da minha vida. Mas de quantos trabalhos estamos a falar? Estamos a falar de muitos empregos, e muitas ligaduras elásticas, foi o que ela disse. Ela tinha um filho, por isso perguntei-lhe, Como é que o ajudava com o trabalho de casa? [ela respondeu] Não. Eu não o ajudava com os trabalhos de casa. Tinha sempre alguém que fazia isso com ele, porque a vida e a educação dele sempre foram muito importantes para mim, mas sabia que não podia auxiliar. Não podia deixar que soubesse que não sabia ler nem escrever. 
Por isso, a minha compreensão do quão bons nos tornamos a esconder esta realidade, as mentiras que vivemos, e o nível de controlo que somos obrigados a exercer no quotidiano, serviu para concluir que o mais importante de tudo é a protecção. Perceber isso foi o mais enriquecedor e o que mais contribuiu para construir esta personagem. Ninguém poderá imaginar o quão fascinante este processo foi. Ao caminhar pelas ruas, pensava simplesmente, Imagina que não consegues ler aquele sinal. Será que conseguimos conceber isso? (...)"       

"Happy-Go-Lucky"

O poster que escolhi não faz jus à alegria do filme, mas é assim, o meu carro também não responde às minhas necessidades e no entanto lá vou eu, happy-go-lucky, todos os dias... Piadas sem piada à parte, este "Amélie Poulain" realizado por Mike Leigh (que normalmente tem tendência para coisas mais sombrias), é uma lufada de ar fresco bem humorado no panorama cinematográfico actual. Poppy, interpretada por Sally Hawkins (que ganhou o Globo de Ouro para Melhor Actriz de Comédia ou Musical por este papel) é uma trintona estupidamente optimista e feliz, educadora de infância, com uma atitude tão positiva perante a vida que chega a irritar alguns que se cruzam com ela. Isso é o de menos. Até esses atingirão o nirvana às suas custas. O filme não é uma obra-prima, aliás, nem pretende ser, só que deixa o espectador tão bem disposto que vale a pena entrar na onda de Poppy. Principalmente, porque não haveria nenhuma actriz que a fizesse tão bem como Sally Hawkins. Durante estas quase duas horas, não há ameaças de morte nem anónimos sem B.I.

quarta-feira, março 18, 2009

A poucos dias dos três anos do blog, a autora recebe a sua primeira ameaça de morte

De um anónimo, pois claro. Ou acham que o assassino de cereais ia ter tomates para assinar, pôr morada e número de telefone? Nada disso. Muitos comentários nojentos, brejeiros, feios, porcos, maus, sem sentido, etc, etc, depois, eis que chega a ameaça mais séria: a de morte. E não se sugere morte ao blog, é mesmo morte à própria da Miss K. Diz assim a personagem:

"vou-te matar. vou-te partir esse focinho até gemeres. duvido que haja vida para ti, sua filha de uma rameira e de um panasca.
ps - isto é sério."

Bom, sério ou não, quando não há nada para fazer, há melhores maneiras de gastar o tempo do que fazer atormentar. Eu nem faço sugestões à criatura que escreveu a ameaça, porque das duas uma: ou adora espalhar piadas de mau gosto pela blogosfera, e já não é a primeira vez que aqui vem num tom do género, ou não está bom da cabeça. Inclino-me mais para a segunda hipótese, com uma alínea que diga "aliás, nunca esteve bem da cabeça". Mas pronto, continuamos todos felizes e contentes, porque enquanto houver maços de Marlboro, revistas, DVD's, Magnum sandwich, latas de Red Bull e outras coisas triviais, a meia dúzia de gatos pingados que realmente gosta de escrever no mundo virtual vai passando bem o seu tempo. Ciao! 

terça-feira, março 17, 2009

Sem esperança?

Mudemos então de assunto. Vamos falar da vida.

segunda-feira, março 16, 2009

"The Visitor"

A crítica que eu poderia fazer a este filme, já a tinha lido antes de o ver, e agora ainda me faz mais sentido. Se querem saber como é, o que achei, o que daqui se tira, e o que significa esta pequena jóia do cinema, vão aqui, que a Bad explica melhor que ninguém. E é verdade, tal como ela diz, um actor destes é uma espécie de fantasma. Não damos por ele, porque ausentando-se, está sempre lá, e deixa o filme seguir o seu rumo, que nunca deixa de ser o rumo dele.

quinta-feira, março 12, 2009

Março, semana II

Qual é a cor que te assenta melhor? Já experimentaste kitesurf? Quantos bombons seguidos és capaz de comer? E usar asas de frango para distribuir panfletos, nunca? Estás sempre a mudar de canal ou consegues ver o Mário Crespo mais do que quatro minutos? Não gostas de gelados porque são frios?! Mas se são gelados!! Qual é a maneira mais fácil de adormeceres: no escuro do cinema ou na luz do escritório? Já contaste o número de vezes que dizes "sim" e "não" durante o dia? Quantas vezes puseste em prática os teus devaneios mais loucos? E fazer um concurso de riso em pleno restaurante, há coragem para isso? Estás sempre de trombas porque os outros têm coisas melhores que tu, homens, mulheres, crianças, carros e dinheiro a mais que tu? E então, é a vida delas, não a tua!! Qual é o cheiro que te traz melhores memórias? Tanta coisa, tantos significados... É melhor nem nos darmos ao trabalho de responder. Não demos. É como hoje: tenho um sorriso nos lábios que é como estas coisas, as boas e as más: não tem explicação. Só que enquanto anda por cá até traz confetis.

quarta-feira, março 11, 2009

terça-feira, março 10, 2009

Sete buracos, por favor

Nestas e noutras coisas, eu sou a primeira a admitir e a dar o braço a torcer. O meu clube devia ter vergonha na cara. Na cara não, no estádio inteiro, cheio de leões prontos a atacar aquelas galinhas que hoje foram a Munique desonrar o bom nome do Sporting. Para além da falta de dinheiro, alguma coisa me dizia para não comprar a Game Box 2008/09, e assim foi: nem um pé no Alvalade XXI desde que começaram as hostilidades, e logo eu que sou fanática e atinjo batimentos cardíacos insuportáveis quando vejo a minha equipa jogar. Mas a minha equipa não é a que hoje à noite viveu um pesadelo em directo. Não, não pode ser. Ou melhor, até pode, porque o "esforço, dedicação, devoção e glória" tem ficado mais vezes no balneário do que nos relvados. Eu cá acho que foi assim: o Sporting (este dos últimos meses, com o caso Veloso e outras merdas do género) achou pouco perder por cinco em casa, por isso decidiu voar até à Alemanha para ser humilhado com sete bolas dentro da sua baliza. Não é para todos, tanto que entrámos para a história como o clube com o pior resultado agregado na competição (12-1). Certo. O Bayern encontra-se connosco duas vezes e marca-nos 12 golos. É de loucos. Amanhã, já se sabe, é anedotas, primeiras páginas de jornais pintadas a negro a anunciarem o fim de Bento e companhia, e-mails da tanga, etc, etc. Mas porra, levar sete balázios na Champions depois de cinco setas de aviso não é mau, é péssimo... 

segunda-feira, março 09, 2009

Destiny, who are you?

Opção D, como no "Slumdog Millionaire": Estava escrito. É o destino.

domingo, março 08, 2009

Domingo

Sinto-me triste porque é domingo e odeio domingos e, apesar do sol que aqueceu o miradouro da Graça, este não deixa de ser o dia mais frio da semana. Aos domingos, eu acho, todas as pessoas se sentem um bocadinho sozinhas, mais ainda as que moram consigo próprias, como eu, e pensam como seria a vida se não houvesse este dia no calendário: menos descanso mas menos melancolia. Ao domingo, sou capaz de me lembrar dos episódios mais sombrios da minha vida, coisas que nunca me passam pela cabeça em qualquer outro dia da semana. É verdade. Ah, e ao domingo o meu telefone não toca. Ou toca menos. Parece que ninguém se lembra de mim ao domingo. Deve ser a única manhã em que não me levanto da cama com a fome e a energia do costume. Ao domingo nem ouvir "Mardy Bum" funciona. Vai na volta, e ao domingo eu nem existo. Amanhã, se me perguntarem o que fiz hoje, nem vou saber responder.

"Rachel Getting Married"

Um amigo meu que percebe mesmo destas coisas, e que encontrei por acaso no cinema, perguntou-me no final se tinha gostado "do united colors of benetton". Acho que é uma boa maneira de classificar este filme (obrigada Artur): uma miscelânia de gentes e feitios e culturas e manhas e manias e cores e etnias que nunca mais acaba; uma quase história dentro da história principal, que é o regresso de Kym (Anne Hathaway no tal papel que lhe deu a nomeação ao Óscar e, se não merecida, esteve lá perto, grande garra pôs a miúda na personagem) a casa para o casamento da irmã, depois de uns anos numa clínica de reabilitação. Claro que o regresso é tudo menos pacífico e traz à tona muitos fantasmas do passado, que até nos ajudam a entrar no filme - as famílias normais são assim, comem assim, choram assim, brigam assim - mas falta-lhe qualquer coisa para perder a sensação de documentário. Quando chegar ao circuito de vídeo, vale muito a pena. 
[escrito com uma semana de atraso]

sábado, março 07, 2009

K. goes musical

Desde que fui à apresentação do novo livro do Tony Bellotto, dos Titãs, em que fiquei a saber que o grupo tinha feito uma versão do "Circo de Feras", dos Xutos, que a dita música não me sai da cabeça. E isto já foi há uma semana! Nem é o famoso "Quero-te tanto..." que me ecoa a toda a hora. É mais a parte, em que ele diz, de fininho, "E os entretantos/São as minhas esperas". Além de que sim, claro, a vida, essa filha de uma grande puta, não passa de um enorme circo de feras. Ando muito musical, eu...

Acordo e vejo-me nisto:

"Se eu pudesse me resumir, diria que sou irremediável"

Clarice Lispector (encontrado aqui)

sexta-feira, março 06, 2009

segunda-feira, março 02, 2009

Antes que seja muito tarde

Sinto que hoje novamente embarco

Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta - por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.

Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.

E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligados dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.

Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.

E de novo caminho para o mar. 
Sophia de Mello Breyner