domingo, junho 07, 2009
Ninguém se perde ou se ganha, é um facto. Muito menos em dez segundos ipsis verbis. Mas facilmente se fica, para sempre, sem uma mulher nesse curto espaço de tempo - porque ele contém tudo o que está para trás e que ficou por resolver. Na vida real, é assim: no meio de uma discussão por causa da toalha molhada em cima da cama, da tampa da sanita que invariavelmente não estava para baixo, ou das luzes da sala acesas para ninguém, cresce o rastilho que dá vida longa a esses dez segundos. Porque um dia vai ser o aniversário esquecido, a mentirinha piedosa, as tardes no café sem falar, o sexo sem preliminares, as noites a ver futebol e as madrugadas a ver fórmula 1... E porque isto tudo não interessa realmente nada, mas até o que não interessa realmente nada homem e mulher perdem tempo a discutir, vai-se gastando a vida das palavras, dos abraços, dos sentimentos. Vai-se perdendo a vontade. Depois, quando chega a altura de falar sobre coisas sérias, já nem um nem outro são a mesma pessoa. Estão gastos. A mulher, ela, vai ouvindo, vai dizendo, vai explicando, vai tentando, vai fazendo, vai aguentando. O seu papel secular de sexo fraco deu-lhe uma capacidade enorme de aguentar - de deixar ver se... Até que um dia há um interruptor qualquer que se desliga no seu coração e, zás!, em dez segundos, e não mais que dez segundos, ela perde, para sempre, aquilo que a mantinha na corda bamba. Nem sequer é questão de "não dar mais" ou "acabou". Pura e simplesmente, morreu.
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20 comentários:
a mulher tem uma capacidade enorme de se aguentar??
eu nao concordo nada. assim q acontece alg coisa "expludo!" logo... mais q o meu namorado, ele e q "engole" mta coisa até dasabar td! :S
beijinhos
E não é tão difícil assim este tipo de coisas acontecer...
É engraçado como tu sabes tão bem as coisas... como se nesses 27 estivessem uns 50 de experiência.
Ui... assustador...
é verdade.. e custa a "morrer", custa muito. mas quando "morre" é mesmo para sempre.
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Eu dei 30 anos a uma mulher que tinha 25 e perdi-a nesse momento. Qualquer explicação foi desnecessária. Fica só a faltar o início e o fim da história.
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Regresso em grande. O teu. Muito bem dito.
Só pode escrever assim quem sabe do que fala, quem já sentiu. Eu própria deixei-me andar durante 8 anos (dos 17 aos 25), consumida por algo que só me fazia mal, e de facto bastaram 10 segundos para tudo mudar, saí e nunca mais voltei. Só lamento não ter tomado essa decisão uns anos antes, porque motivos nunca me faltaram. Ja passaram 10 anos.
Ele: Podes passar-me o sal, por favor ?
Ela: Porque não o apanhas tu?
Ele: … Está do teu lado da mesa, não está ? Só por isso…
Ela: Não, está do teu lado.
Ele: Precisas de ser sempre assim tão teimosa ?
Ela: Não estou a ser teimosa. Tu é que estás a ser preguiçoso…
Ele: Eu, preguiçoso ? Se é coisa que não sou… é preguiçoso.
Ela: És preguiçoso… e muito. Isto foi um bom exemplo.
Ele: Essa agora… só por te ter pedido para me alcançar o saleiro ?
Ela: Não… por teres preguiça de te levantar da cadeira para o apanhar…
Ele: Ah….
Ela: Ah… o quê ?
Ele: Ah… que eu afinal tinha razão. Tu própria me estás a dar razão.
Ela: Não estou nada.
Ele: Se acabaste de reconhecer que eu precisava de me levantar…
Ela: Olha só… então e eu não precisaria de me levantar, querem ver ?
Ele: Mas está mais perto de ti…
Ela: Lá estás tu outra vez… é a mesma coisa com a cama, não é ?
Ele: Com a cama ? Qual é o problema com a cama ?
Ela: É só outro exemplo da tua preguiça, é o que é…
Ele: Como assim ?
Ela: Quem é que apaga sempre a luz, quem é ?
Ele: És tu, claro. Mas o que tem isso a ver com o assunto ?
Ela: Tudo, claro que tem tudo a ver.
Ele: Não percebi.
Ela: Onde é que está o candeeiro ?
Ele: Na tua mesinha de cabeceira, claro.
Ela: E porque é que está na minha mesinha de cabeceira ?
Ele: Porque tu o puseste lá, suponho…
Ela: Ah…
Ele: Ah… o quê ?
Ela: Aí está mais um exemplo perfeito da tua preguiça…
Ele: O que tem o candeeiro a ver com a minha preguiça ?
Ela: Porque é que não quiseste o candeeiro na tua mesa de cabeceira ?
Ele: Porque não o uso.
Ela: Ora aí está… e porque é que não o usas ?
Ele: Porque não preciso dele. Se és tu que apagas sempre a luz…
Ela: Estás a ser irritante…
Ele: Não estou nada… tu é que continuas teimosa… como sempre
Ela: Pois… eu é que tenho sempre a culpa de tudo…
Ele: Às vezes, tens…
Ela: Devias olhar para ti próprio…
Ele: Agora és tu que estás a ser desagradável…
Ela: Pois estou… é para tu perceberes a sensação…
Ele: Olha… o que eu estou a perceber é que ainda preciso do sal…
Ela: Podes vir buscá-lo… A escrava hoje está de folga…
Ele: Posso repetir-te … que está na tua metade da mesa ?
Ela: Essa agora… na minha metade. Já a mediste ?
Ele: Claro que não, nem preciso, essa agora…
Ela: Então vamos já tirar as teimas…
Ele: Como assim ?
Ela: Medimos a mesa e já descobrimos em que metade está o saleiro…
Ele: Finalmente, uma boa ideia.
Ela: Ao menos, concordamos nalguma coisa…
Ele: Claro que sim… afinal casámos, não foi ?
Ela: Pois… vamos lá medir a mesa. Vai lá buscar a fita…
Ele: Essa agora… Porque não a vais buscar tu ?
Para a paz de espírito de todos nós, informo-vos que o nosso simpático casal ainda está a debater o assunto e… a comida já arrefeceu.
Bom fim de semana...
Já me aconteceu. E depois já não é mesmo nada a fazer. Já não conseguimos voltar atrás. Morre mesmo.
Ainda bem que voltaste, já tinha saudades dos teus posts. E uma, uminha foto de NY não há? :-)
"Niguém se perde ou se ganha", mas toda a gente se perde ou se encontra. O tempo para uma pessoa se perder (a si) é o tempo que a pessoa demora a não se procurar (a si). Fora isso, encontros e desencontros até se complementam, porque, para nos conhecermos melhor, vale conhecermo-nos perdidos e encontrados.
Esplanando: Ironia em dia de eleições? ;)
Beguinha: thanx. tinha isto para escrever há meses!
Kitty Fane: Eeerrr, fotos de NY... talvez!! Já viste a descrição pormenorizada que fiz do shopping no hands? ias gostar! eheheheh
Sabes, esse teu texto lembra-me o filme Revolutionary Road. O filme essa sobre isso mesmo, o gastar de uma relação.
E até chegar ao momento em que tudo pára e não há mais nada a fazer...
Verdades.. Mas nao pode acontecer o contrário e/ou ao contrário?
é verdade.. e custa a "morrer", custa muito. mas quando "morre" é mesmo para sempre.
É mesmo verdade. Custa muito esquecer uma mulher de quem se gosta.
Mas depois de a esquecer... nunca mais existirá retorno possível.
Claro que já vi a descrição detalhada das tuas comprinhas. Vi logo quando escreveste e só não comentei entretanto porque morri de inveja. :-D
Sem retorno.
Está maravilhosamente bem escrito. Parabéns.
Menos "Brand &Shopping", menos " ela esteve lá, eu também quero...", menos " é tão girooo", menos "pensar em coisas a ter ". Menos jantares mudos em restaurantes de 50 € /cabeça. menos conversa oca. menos oportunismo. Menos tapar o sol com a peneira.
Mais pensar, Mais discutir ideias ou conceitos, Mais ler ( pink mags não contam). Mais ViVER e Compreender, Mais rir com os defeitos do outro, Mais amor, Mais diálogo, Mais alegria genuína em estar com quem se ama, Mais amor genuíno.
Se respeitarem os Mais e evitarem os menos, a coisa até resulta.
Aconselho a experimentar...
kiss kiss
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