Silêncio, que se vai fazer teatro...
Ama - Má nova venha por ti
perra, excomungada, torta.
Moça - A Garça, em que ele ia,
vem com mui grande alegria;
per Restelo entra agora.
Por vida minha, senhora,
que não falo zombaria.
E vi pessoa que o viu
gordo, que é pera espantar.
Ama - Pois, casa, se t’ eu caiar,
mate-me quem me partiu!
Quebra-me aquelas tigelas
e três ou quatro panelas,
que não ache em que comer.
Que chegada e que prazer!
Fecha-me aquelas janelas,
deita essa carne a esses gatos;
desfaze toda essa cama.
Moça - De mercês está minha ama;
desfeitos estão os tratos.
Ama - Porque não matas o fogo?
Moça - Raivar, qu’ este é outro jogo.
Ama - Perra, cadela, tinhosa,
que rosmeias, aleivosa?
Moça - Digo que o matarei logo.
3 comentários:
:)
Porque te apeteceu?
porque me apeteceu, claro - é sempre por isso. e porque era dia mundial do teatro (e do circo, acrescento), e gil vicente é um dos nossos autores maiores.
... do Auto da India a minha parte preferida é aquela em que ela está em casa com o marido... e tem o amante na ruas a atirar-lhe predinhas às janelas!
:)
tem o seu quê de telenovela mexicana!
lololl
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