quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Da cumplicidade


A cumplicidade é uma coisa muito mais séria do que aparenta à primeira leitura. É dos sentimentos mais raros de se sentir, mas também dos melhores de se experimentar. Há olhares que trazem consigo a tranquilidade por que esperámos durante anos, há histórias que são tão nossas como as de quem as conta, há movimentos iguais aos que vemos todos os dias no espelho, há medos partilhados que até a dormir nos atormentam... Eu sou só uma pessoa que ainda não sabe quase nada desta coisa que é o mundo e que, a cada 24 horas, tem mais milhares de dúvidas sobre tudo e sobre nada. Não estou à espera que esse vosso Deus desça à Terra e pegue em mim para revelar os segredos do Universo. Mas isto, não sendo a resolução da guerrilha na Serra Leoa, inquieta-me há já muito tempo: a cumplicidade constrói-se ou aparece? Ela é obrigatoriamente um prédio de seis andares com cozinha equipada que leva x tempo a ser feito ou pode ser uma inspiração que, de repente, surgiu ao arquitecto?

NOTA: Quando falo em "aparecer", refiro-me a hipotéticas vezes em que a cumplicidade possa surgir do nada e, de repente, damos por nós a senti-la sem sabermos como nem porquê. 

14 comentários:

Su disse...

A cumplicidade não se constrói nem aparece...sente-se e partilha-se.

Ana A. disse...

Acho que depende do tipo de cumplicidade...
Com alguns constrói-se, com outros é inata.
Depende fundamentalmente da partilha...

Margarida disse...

ola... ouvi ha algum tempo o nome deste blog no programa da radio comercial, ja o vim visitar, mas apenas hoje me decidi a deixar comentario! decidi comentar porque me apeteceu dizer o quanto gosto dos teus textos e os sigo, de ponta a ponta, absorvendo cada palavra! parabens pelo blog... convido-te a visitar o meu blog silenciosainspiracao.blogspot.com, que é diferente do teu, mas, ainda assim, fazia todo o gosto que visitasses! e...sera que posso adicionar o teu blog aos links no meu blog?
ate uma proxima visita...
fica bem...

Miss K. disse...

Margarida, obrigada pelas palavras. Aqui deste lado fica-se sempre envergonhado quando se ouvem "elogios". E é claro que podes adicionar o Life à tua lista de Links, a honra é toda minha!

Luzia disse...

Existem aquelas pessoas com quem simpatizamos à primeira e existem aquelas pessoas que te fazem sentir uma empatia de lado a lado, o lado bom disto é que te sentes bem...e em paz

Anónimo disse...

Esse tipo de cumplicidade? Constrói-se.
Se bem que por vezes parece que aparece porque é construída de forma inconsciente.
Lembro o post da adivinha para tentar exemplificar.
Suponho que muitos de nós se tentaram por no teu lugar para assim chegar à conclusão. No entanto, como somos humanos, é irremediável a tentativa de não nos projectar-mos, por pouco que seja, nessa conclusão, trocando assim segredos. Tornando-nos por isso cúmplices. E quando existe entendimento, essa cumplicidade torna-se clara.
Para concluir, fica a questão se fizes-te isso propositadamente ou de forma inconsciente.

Sadeek disse...

Hello menina Miss!!!

Antes de mais deixa-me apresentar o protesto formal por me fazeres pensar a uma sexta-feira. Mas como vem da minha amiga não poderia deixar de o fazer.

Eu tenho para mim que esse tipo de cumplicidade, dos olhares dizerem tudo e das coisas só nossas, é construida. Obviamente há pessoas com as quais se faz logo aquele click. Mas só a convivência ( e por conseguinte o conhecimento sobre outrém) é que pode criar "A" cumplicidade.

Beijo...cumplice (ou não...ou não...) ;)

Anónimo disse...

Nuns casos constrói-se, noutros acontece, mas depois é preciso continuar a construí-la no dia a dia.
Miss K., obrigada pelo teu blog, é um óasis nas minhas leituras diárias. :)

MiSs Detective disse...

existe. e pode vir em cinco mil formas.

[Ariana Aragão] disse...

Semeia-se.
Para que um dia seja tão forte que nem se dê por ela.

Anónimo disse...

Eu acho que pode ser considerada tudo isso que descreveste. Eu identifico-me com as definições que fizeste. Por exemplo, existem pessoas que conhecemos em férias (isto é só um exemplo) e tornamo-nos cumplices, partilhamos o nosso tempo (e tempo é vida) com elas... Dps para mim existem as outras... A cumplicidade é uma coisa boa, muito boa.

Patrícia disse...

A Cumplicidade instala-se. às vezes leva muito tempo. noutras vezes chega e ocupa logo o espaço.

criptog disse...

Ambas são possíveis, em qualquer fase do processo. O seu crescimento (desde o 0 ou não), pode acontecer alternadamente, ora continuamente por construção, ora aos saltos por novos aparecimentos. Talvez ajude à reflexão (ou aumente o dilema), perguntar a questão contrária: as cumplicidades que se conhecem e em algum momento diminuem, fazem-no por desconstrução ou por desaparecimento?

Para mim uma cumplicidade (i.e. agora aqui em palavras) é a condição se conseguir comunicar ou identificar simbolicamente uma interpretação ou objectivo. Uma cimples palavra ou entoação que remonta para o mesmo conceito, uma private-joke que faz relembrar uma situação, um sorriso que explica o entendimento, uma acção que faz perceber a intenção ... uma cumplicidade é como um atalho de compreensão.

A do aparecimento acontecerá talvez mais por sorte ou criatividade, no sentido de por acaso em alguma cisrcunstância nos depararmos e apercebermos de alguém na mesma vibração. Na da construção, as pessoas por vivências conjuntas vão aprendendo a vibrar da mesma forma ... esta talvez seja uma forma mais duradoura.

Como em muitas outras coisas, as sinergias ajudam muito. Por um lado a intuição leva-nos a que tentemos contruir sobre aquilo que achamos que vai dar certo e, por outro, sobre aquilo que já está construído descobrimos por vezes novas perspectivas.

cacau disse...

é mais essa cena da inspiração dos arquitectos... pelo menos a cumplicidade que surpreende :) kiss