domingo, outubro 08, 2006

FNAC - ou a verdadeira loja problema


Ando há que tempos para me esquecer da moral e dos bons costumes, das leis e das prisões decrápitas que temos, pegar em mim (sim, pegar em mim, porque consciente seria incapaz), assaltar um banco e torrar o dinheiro todo na FNAC. Sim, na FNAC. Porque se há coisa que me faz confusão, é entrar num paraíso da cultura de mãos atadas - porque a carteira já o está primeiro -, e ficar a contemplar todas aquelas coisas que eu queria ter em casa, numa mesa ou pelo chão... Livros? Tantos, mais do que o meu possível e impossível tempo de vida... De fotografia (o inalcancável LaChapelle, talvez ao virar a esquina dos 25), de cinema (história do cinema, mestres do cinema, os melhores filmes de sempre, o noir, as décadas de 30, 40 e 50 examinadas ao pormenor, os argumentos de todos os Woody Allen...), de ficção (só para ler tudo de todos os grandes portugueses precisava de não dormir, sem esquecer o que me falta de Dostoievsky, de Borges, de Garcia Marquez...), de vidas vividas (a sempre adiada biografia de Churchill). Música? Nem penso nela. Ou tento, porque não ouvi-la é impossível, já que ela percorre aquele espaço como que para nos embriagar... Existe a net para sacar canções, claro, mas ter um cd original acompanhado do seu livrinho é a mesma coisa do que comprar um jornal e sentarmo-nos numa esplanada a lê-lo: não há nada que supere o toque, os sentidos... DVD'S? Eis o meu maior e verdadeiro problema, a razão de ali entrar e perder a razão, deixar de ver as pessoas, e perder-me no meu mundo, que é o do cinema. Ainda tentei meter-me nele no 3º ano de faculdade, mas as condições eram tão más que acabei por seguir jornalismo (onde as condições eram, e são, tão boas...) deixando a sétima arte como hobby. Sem reparar que, mais do que hobby, é paixão, compulsão, qualquer coisa que não sei controlar. Um bom filme que ainda não vi, antigo ou acabado de estrear, é um arco-íris no meio do nevoeiro que é a minha vida; preparar-me para ver aquelas imagens, aqueles diálogos, aquele cenário, aquelas personagens, aquela história pela primera vez, é como voltar ao primeiro dia de aulas, com cinco anos e uma mochila maior que eu, tanto pesava a vontade de aprender... Sim, queria poder encher a minha sala de DVD'S, e ter uma grande tela onde os pudesse ver. Não posso encher a sala nem tenho a tela. Vou comprando devagarinho, um vez em quando, outro de quando em vez, sempre com os minutos contados até à casa de saída! Às vezes perco a cabeça. Hoje não. Hoje controlei-me e só trouxe o "Sylvia" (onde a Gwyneth Paltrow tem uma interpretação magistral) e o "Mystic River", mais uma obra-prima do Clint Eastwood. Paguei e saí dali a correr que nem uma doida. É que, para além da cultura em estado bruto, há o MAC que eu gostava de ter, a mini máquina digital da Sony, aquelas colunas para o i-pod, ... Vim para casa, ainda embriagada com a cor das gigantes bolas amarelas, tipo pegada, que estão pela FNAC fora. Aquilo é uma provocação. Adiei, uma vez mais, a embuscada ao banco. Mas ainda não a pus de parte...

6 comentários:

MysterOn disse...

Isso acontece a todos nós!! Uns mais com a música outrAs mais com os Dvd's...mas o Mac e as colunas para o Ipod calham a todos de certeza. Ah!! e a máquina digital...os olhos caiem-nos sempre para aqueles modelos mais recentes, cheios de design e potencial.

Nesta Cidade Grande onde me encontro hoje, o apelo ao consumo é maior do que o Empire State Building...Mas apesar de esse gigante apelo consumista, uma coisa é certa, os livros, os Dvd'd e sobretudo os Cd's (que é aquilo que mais me interessa) são bastante baratos, dando a desvalorização do dólar uma ajuda suplementar. Ou seja, aquilo que é memso cultura, é de facto acessível a todos (Ex: comprei no Sábado o albúm novo do Beck que é duplo com cd e dvd por 10 UsD menos de 10€), até os espectáculos ao vivo são bastante em conta. De resto tudo o que são gadgets e "coisasdaelectrónica" - bens de luxo - já são mais caros, dando no entanto o câmbio uma ajuda.

Em PORTUGAL o país do Natal, como alguém lhe chamou, a cultura ainda não é para todos! É pena!Diga-se de passagem que a Fnac não ajuda pois a concentração da oferta, a prazo só é prejudicial - até quase que lhe chamava monopólio!

Beijos e uma óptima semana ;)

criptog disse...

Se é para esquecer as leis, para quê passar no banco se podes ir directamente à "loja problema"? Mas talvez não valha a pena qualquer um dos assaltos ... é capaz de fazer bem à paixão manter alguma dessa urgência!

:)

Ella_and_Louis disse...

been there... done that... and have the t-shirt! Ella

Anónimo disse...

É a fatalidade de se ser "classe média"... Chiça!

s. disse...

penso que todos sofremos com isso :x as vezes já evito lá ir para nao me sentir mal por nao poder trazer meia loja

Luzia disse...

É o sitio onde me encontro quando estou perdida nesta cidade! E onde me perco outra vez com a vontade de trazer a loja toda comigo!lol! Bejocas