segunda-feira, abril 24, 2006

Para a Ana...

Anita, não gosto, nem quero, que estejas triste. Como agora não te posso dar um abracinho nem arrastar-te para uma sessão de compras sem precedentes na história da humanidade, deixo-te este texto do Luiz Fernando Veríssimo (sim, é brasileiro, desta vez vais ter de engolir em seco, pára lá de torcer o nariz que este é um senhor das literatura do país irmão) que encontrei no meio da minha tralha. Não sei como se chama, menos ainda se está completo, mas o que está aqui serve para passar a mensagem...

QUASE NADA, NADA É (eu é que inventei), por Luiz Fernando Veríssimo

"Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo o que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou... não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz! A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor,o sentir e o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Não é que a fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao nosso alcance, mas para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência. Porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis,tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça você de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."

... E porque sonhar e dar umas risadinhas não faz mal a ninguém, fica aqui o belo do saco (e repara que não é plástico, é cartão) que é tudo o que, por enquanto, podemos adquirir numa loja do teu querido Manolo. Se nos deixarem entrar, claro... MAS, daqui a uns 69 anos lá estaremos, com notas e mais notas na mão, para comprar os stilettos mais fashion de cada colecção: "Meu rapaz, é um par de cada cor, sim? Olhe, e traga-me champanhe enquanto espero, que estou a ficar entediada... Acredita que passámos três horas na Dolce e não tinham Dom Perignon?!" Ah, ah!! Agora sim, estou a gostar desse sorriso! Linda menina!!

3 comentários:

apipocamaisdoce disse...

BUáaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!

Anónimo disse...

Lembro-me de uma frase de um amigo que fazia alta Competição : " As piores classificações, são o 2º lugar e o 4º!" - á minha ingénua pergunta - "Porquê?" ele respondeu :" Em 2º quase ganhas, em 4º quase vais ao pódio. "
Quanto á felicidade alcançada através da aquisição de sapatos apertados com 10 cm de salto e de golos de Perignon, devo aconselhar antes uma ida a locais silenciosos e com um bom espaço de contemplação, ideais para encontrar o Eu. Dificilmente o encontras numa montra.

Miss K. disse...

E eu aconselho-te uma visitinha à Casa de Saúde da Avenida do Brasil... Please...