quinta-feira, abril 13, 2006

García Márquez, tão perto dos cem anos de solidão...

Eu pensei que nunca fosse falar sobre isso (é difícil falar "mal" das coisas de quem se gosta), mas a crónica da Clara Ferreira Alves (de quem eu ainda não consegui perceber se gosto ou não) na ÚNICA de 1 de Abril fez-me voltar ao assunto. Chamava-se Coitum triste (será que ela não tinha um título mais infeliz?!), e falava sobre o último livro do García Márquez, um dos meus escribas preferidos. Assim que li o destaque, pensei de mim para mim: "Esta gaja vai cascar no mestre, e eu vou-me passar, por isso o melhor é nem ler..." Mas não. Apesar de não concordar com a forma como ela põe a questão (ao dizer que o tema da obra é a pedofilia, porque o narrador é um homem de 90 anos que resolve ter sexo com uma virgem de 14), tenho de lhe dar razão quando escreve que este "é um livro triste, velho, impotente", e que "entre o escritor dos tempos de cólera e isto, tempo e distância vão". E fico uns segundos a olhar para a página desta pluma caprichosa e relembro a minha angústia no final das "Memórias", quando senti que era ele, o mestre, que parecia uma puta. Velha, cheia de lembranças, sem saber o que lhes fazer. E triste.

2 comentários:

Anónimo disse...

Antes viver do que ler. Prefiro ser a existir. Pelo sim pelo não mais vale arrependermos do que fazemos do que daquilo que não fazemos. Espero q n me aconteça o mesmo q ao Gabriel, não sei...espero bem que não mas acho q sim.

Mandrake disse...

Depois queixa-se que não dorme...