domingo, abril 12, 2009
Às vezes escrever custa. Magoa, dói. Ou porque não sai nada, ou porque tudo quer sair. Não se podem transformar em palavras todos os estados da nossa vida - sentimentos, então, menos ainda. E às vezes é melhor guardar certos instantâneos na nossa memória e no nosso coração. Sentar-me em frente ao ecrã para esborratar pr'aqui qualquer coisa só porque sim é demasiado penoso. Nunca o fiz. Ainda por cima, "o agora" ser bom demais. Em vez de estar a imaginar, como é meu hábito, estou a viver. [não me acordem deste sonho] Isto passa, claro. Posso não perder o nirvana - e não vou perder - mas hei-de conseguir agarrar-me a estas teclas com a força de outros tempos. "Voltar é uma ilusão. Estamos sempre indo", disse alguém. É verdade. Para trás ficam milhares de álbuns de recordações, que nunca se perdem, porque na altura em que aconteceram, foram únicas e intemporais. Não há dois momentos iguais. Não há dois dias iguais. Até a lua, de vez em quando, está mais cheia nos dias em que é suposto estar cheia. As coisas evaporam-se a cada segundo que passa. E eu também não quero voltar. Matar o presente é ainda pior do que matar o futuro. "Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce", sugeriu Pessoa, ele próprio um crente minado de dúvidas. Mas quem sabe, talvez pelo menos os homens sonhem e as obras nasçam. Pequenas ou grandes, visíveis ou não. Explicáveis ou desse mundo mágico que guarda os tesouros sem explicação.
A minha vida é um post. Nem sempre dá para escrever todos os dias.
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10 comentários:
A tua e a de todos nós :)
"hei-de conseguir agarrar-me a estas teclas com a força de outros tempos"
Se não te importas esta vou guardar comigo.
Bjs
"Às vezes, escrever custa."
Nunca tinha pensado nisto... nestes termos. Mas é verdade, tudo é efémero, tudo se dissolve e nem os aromas sobrevivem senão na memória. O que seria de nós sem a memória ?
De vez em quando, sentamo-nos e os dedos partem vorazes, à conquista das teclas. Outras vezes, deixam-se cair sonolentos... e não há nada que os faça escrever uma única palavra.
Onde anda o nirvana, no meio disto tudo ? Não sei.
Mas que tudo isto é irrepetível... lá isso é.
E ainda bem.
Somente me ocorre sorrir-te em perfeita identificação :-()
Por isso é que gosto tanto do teu blog, não escreves só por escrever.
E é sempre um prazer ler os teus textos!
Bjo!
vive!
"Viver todos os dias cansa". Escrever também. E há coisas que nunca se poderão escrever
XinXin
realmente nem todos os dias são dias!!!!
Não dá mas é pena!!!
BEIJOOOOOOOOOOOOO
A propósito do nada, não tem havido aqui nada! então?
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