quinta-feira, maio 01, 2008

Variações sobre o nojo

Uma das minhas melhores amigas acaba de ser expulsa de casa. Não do sítio onde cresceu com os pais, mas do quarto que alugava há cerca de um ano. Aparentemente, seria só no fim do mês que o acordo (verbal, claro, porque isto de não declarar rendimentos é vício número um de muitos "senhorios" por este país fora) chegava ao fim. Mas os donos do apartamento acharam por bem pôr-se à porta do quarto dela, a escutar as suas conversas privadas, e ficaram muito ofendidos quando a ouviram falar com os pais, via telefone, sobre a irregularidade das contas do mês de Abril, e pediram-lhe que saísse o quanto antes. Como quem tem sangue frio são as baratas, ela fez-lhes o favor e largou tudo hoje mesmo - aqui nem entra a questão da típica mulher à beira de um ataque de nervos, que precipita tudo; neste caso, concorre apenas um facto, que é o de ser-se, ou não, estúpida. E isso a minha amiga não é. Digo isto porque, além dos laços que nos unem e que me dão à-vontade para assegurar do seu carácter, tive o privilegio de assistir a uma parte do discurso inflamado do ser humano a quem a casa pertence. Numa palavra, mesquinho. Em várias, mal-formado, sem carácter, baixo nível, vulgar, sem vestígios de maturidade. E, no fim, pergunto: como é que alguém vedado ao menor nível de educação se vai lembrar de alugar um quarto a terceiros? Em que bases assenta esta criatura qualquer tipo de relação financeira, se nem relações pessoais sabe ter? Que gentinha é esta, que resolve partilhar o seu lar, para depois expulsar aqueles que lhes pagam quando bem lhes dá na telha? Mas afinal de contas nós fazemos parte do primeiro mundo, ou andamos a passar as férias grandes no século XIII? Que lhes caia o tecto em cima, Deus me perdoe...

1 comentário:

Luzia disse...

Não poderia ser melhor descrita esta situação ridicula que aconteceu.
Thanks...