terça-feira, fevereiro 12, 2008

Soberbo.

Christopher  McCandless (Emile Hirsch, absolutamente fabuloso) sente-se fora do tempo e do espaço. A família empurrou-o para um universo de dor e angústia, e a sociedade desenraizou-o de um mundo que nunca foi seu. A sua terra é a de mais ninguém, porque o Homem só atinge a plenitude do seu ser quando se despega de todos os acessórios que não lhe são naturais. É este ser perdido que Sean Penn filma com um carinho estonteante, enquanto a voz de Eddie Vedder dá forma às saudades de momentos que nunca chegaram a ser vividos - Into The Wild. Entra-se no cinema e espera-se um road movie, uma história simples, uma aventura de adolescente endiabrado, o mito do rapaz que nasce outra vez. Sai-se da sala escura para um chão que treme, sem certezas, apenas regado pelas lágrimas que o murro no estômago possa ter feito cair. Sai-se vazio. Sai-se sem nada. E pensamos de nós para nós o quão cruel é a falta de tempo para viver o que se descobriu no final do curto tempo vivido. É. A vida não tem graça nenhuma se não puder ser partilhada com alguém. 

6 comentários:

Nelson Ivan disse...

Não é vida se não descobrimos os nossos limites, e nos acomodamos ao que está imposto.
Temos de nos saber perder para nos encontrarmos e depois (a grande verdade deste filme) poder partilhar.

Anónimo disse...

Despedaçado... Foi assim que me senti enquanto o chão tremia. E juntar os pedaços? Impossível...
Porquê? Talvez porque eu e esta filosofia de vida nos temos cortejado há já algumas fases mas tem sido mais dela para mim doquê de mim para ela.
E talvez seja isso que me deixa assim. A falta de coragem; O saber que terrenamente apenas me conseguirei aproximar desse selvajem muito ao de leve. O que me levará a ser ninguém pois também sei que nunca me resignarei ( sou uma bola de ping pong lol) (o que já me custou muito).
Ah... Custa muito mas também sabe bem ouvir as palavras " É complicado, mas olha... Em vez de teres muitos conhecidos tens um amigo."

criptog disse...

Este vou ver!

Drifting Along disse...

1st rule of the jungle: be light on your feet.
Ter morto o alce foi o princípio do fim do nosso amigo Supertramp. Mais valia ter sacado só uns bons bifes do lombo.

Eu ainda estou todo negro do enfardamento que levei. Da próxima vou de metro.

Tempus_Fugit disse...

Gostava de ter gostado assim tanto do filme, mas na verdade, apesar de o achar bom, retirei também outras coisas de lá.

É triste todos os personagens principais deste filme serem tão frágeis. A hippie que se apega a ele, porque no fundo perdeu um filho. O velhote que o quer adoptar, porque também tem aquela história de perda. Ele que foge de uma história familiar que no fundo é parecida com tantas outras. É triste que tenha virado todas as forças para uma fuga sem fim para descobrir uma verdade que teve sempre á frente dos olhos mas nunca vislumbrou.

A moral sim, é boa e bem velhinha. Interessa mais a viagem do que o destino.

E o Sean Penn também exagera na relação directa dos planos. Por exemplo, todas as situações de perturbação são filmadas com a handycam. As de contemplação com grandes planos. Etc... Não deixa o mínimo espaço á inteligência do espectador.
Mas pronto, é a minha opinião... E não deixo de gostar muito do filme. Mas acho que têm feito dele mais do que é na realidade.

GONIO disse...

É um FILMÃO!
Saimos da sala como se tivéssemos levado uma tareia, completamente abanados por dentro, sem saber onde pôr os pés.
No fim, parece que ele se arrepende da sua jornada (interna e externa) quando escreve: "a felicidade só é real quando é partilhada"