Do que não esquecer
Às vezes a vida é rude contigo, e empurra-te para junto de coisas que te fazem mal. Ao início não o sabes, estás encantado com as novidades que te acontecem, as surpresas há muito sonhadas tomam forma, e viajas por um novo mundo: estás feliz. Mesmo tendo a noção, inquieta e teimosa, a querer esconder-se, de que a felicidade são momentos, e de que tudo o que tens ali só o tens ali agora. Não vale para depois. Só se é feliz no momento, tu sabes, porém o teu coração é uma estrada sem fim e não queres pôr termo a esse sopro de vida o que te faz correr e dormir pelos campos mais verdejantes. E aí deixas-te ir, abres os teus braços ao vento e ao que ele trouxer, acreditas naquilo que nem podes ver, confias na pele que julgas ser tua por nela poderes tocar. Andas assim o tempo que o tempo quiser, e num flash de segundos já não tens nada. Nem a brisa do vento, nem o que julgavas contemplar, nem o que pensavas acariciar. Ficas perdido nessa longa estrada que é o teu coração, aberto, tão aberto quanto inocente, e sentas-te em qualquer lado a chorar, só para tentares perceber porquê. Mas a verdade é que por mais que chores, a tua vida nem sempre está a caminhar ao mesmo passo que a dos teus companheiros de viagem: há uns que caminham contigo ao teu lado, olhando na mesma direcção; e há outros que, por mais que tentem caminhar a teu lado, vão sempre um pouco mais à frente, porque têm uma direcção diferente - a deles, só deles. Por isso, se te cruzares com pessoas que acabam por te deixar sozinha, não penses que ficaste tu a perder. Foram elas que te pisaram, que te trataram mal e te viraram costas. Foram elas que te perderam a ti, a pessoa mais importante do mundo.
9 comentários:
Os post que li aqui nos últimos dias fazem-me lembrar uma amiga minha que já não "via" há muito tempo, mas que voltei a encontrar em cada letra, palavra e frase destes mais recentes desabafos!
Parabéns, mais uma vez, á grande escritora que há em ti!!!Sim, acima de tudo, escritora!
Bjs
Now, this is a Masterpiece.
Obrigado! Estava mesmo a precisar de uma coisa assim.
Parabens, conseguiste por em palavras o que eu sinto há muito tempo.
O que as pessoas sempre deveriam sentir quando as pessoas acabam por seguir caminhos diferentes dos nossos, por muito que gostassemos de permanecer na sua companhia...
E principalmente não nos devemos esquecer que todos nós, TODOS, já pisámos, já tratámos mal e já virámos as costas a alguém, consciente ou inconscientemente...
Só para dizer que, se contínuas neste ritmo, a malta que publica uma coisita aqui e outra acolá se começa a sentir intimidada porque nada do que escreve parece suficientemente jeitoso. Vamos lá acalmar…
correndo o risco de repetir o que digo sempre: lindo!... pronto, já disse.
navnevohteeb:
quem me dera que o que aqui escrevo "intimidasse" ou mexesse com alguém... a alma de jornalista, daquele que vive a pensar em escrever dia e noite, não está apagada só por não estar no activo!
Miss K:
Sou tudo menos escritor, jornalista, panfletista, ou qualquer outra coisa relacionada com a arte do bitaite de categoria (daí o nome do blogue), mas leio o suficiente para distinguir o talentoso do esforçado. A humildade fica bem mas a verdade fica bem melhor. Sabes que tens “algum jeitito” e que, pelos comentários que leio, tocas a vida das pessoas que passeiam por aqui (algumas vezes ao de leve e outras por atropelamento).
A ideia com que fico, pelo do acompanhamento da evolução no teu simpático cantinho, é que sentes algum peso nas asas. Por outro lado, também estou convencido que esse peso foi lá posto por ti e só para ti é evidente.
“Quando chegou a minha altura de ser grande, eu trazia uma mala de cartão cheia de coisas para serem magicadas. E não foram. Ainda esperei uns anos para ver se era a fila que estava grande, ou se era eu que estava no lugar errado. E era.”
Tens a certeza?
Boa Sorte
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