sexta-feira, agosto 31, 2007

O que é que fazes, pá?

Eu escrevo. Em lado nenhum que se possa comprar pelo país fora, mas em qualquer lugar onde apeteça estar descansado a ler. Trabalho para um Deus imaginário que me incutiu a tarefa de criar um blog, vai para um ano e meio, e de nunca me esquecer dele, nem um dia que fosse; de o fazer como se fosse um meio em papel, com todos os cuidados e miudezas: procurar sempre a imagens certa para o texto em questão, nem que tivesse que ficar a pé até às cinco da manhã; provocar no meu corpo espasmos a meio do dia, no trânsito, no banco, na praia, que me iluminam com coisas para escrever e me arrastam, pensativa, até casa. Sim, comigo há uma vida antes e depois do blog. Antes eu morava sozinha e fazia a minha vida normal de parasita com ataques de tristeza. Agora ainda faço, mas tenho mais de uma centena de blogs para ler, pessoas que também sabem apalavrar sentimentos, e deixei de estar sozinha mesmo quando a tristeza me visita. Muitas vezes tiro ideias para o meu canto, outras tantas fico a rir porque aquele blogger fez um post que eu teria feito, nesse dia, por várias razões… E depois há as pessoas que se conhecem. Algumas pessoalmente, outras pelos fios desta rede sem fim. No entanto, a falta de contacto físico não anula o resto, o que se gosta, porque os laços vão-se tornando nós e vão ficando mais fortes, quanto mais o tempo passa – e é como se esses novos amigos, alguns bem especiais, fizessem parte das nossas vidas desde sempre, e nos entendessem melhor do que os que andam connosco na rua… Enfim. Por mil e nenhumas razões comecei a escrever isto. Mas se pensar naquilo a que mais me dedico, que mais tempo me ocupa, nos textos publicados e nos por publicar, chego à conclusão de que o que eu faço da vida é isto: eu escrevo. Pode ser pouco, pode não valer nada, pode até ser mau para alguns. A mim basta-me para acordar viva e querer fazer de cada dia a melhor inspiração para um futuro best-seller de minorias…

14 comentários:

Armando Antao Cortez disse...

Miss K.
No te conozco, vivo en Argentina y de casualidad encontré tu blog.
Me llamó la atención que fueras portuguesa porque mi padre también lo es y así comencé a leer tu pequeña confesión. Y me gustó.
Y la entendí como un homenaje a la "Soledad". La "Soledad" como una companía mas de las muchas que uno puede tener. En todo caso, la companía no es "la soledad" sino uno mismo.
Yo pienso que la soledad en sus dosis justas es conveniente. Y cuando una persona descubre que no la pasa tan mal consigo mismo, entonces ha descubierto a un amigo que lo acompañará el resto de su vida.
Pero la soledad genera depresión y angustia en muchos espiritus. El solitario sospecha que alguién le ha jugado sucio y lo ha dejado sin cartas. Otros tienen lo que él debería tener también. otros son mirados, escuhados y queridos pero él (o ella) no. Y así, sólo oye y sigue su camino...solo.
No creo que sea tu caso pero simplemente me surgió esta reflexión y quise compartirla contigo.
Saludos desde Argentina,
Mr. K

Pequenina disse...

Miss K.

Já fui muito feliz no meu sofá, com o meu portátil. Passei longas horas acordada, em busca nem sei bem de quê, mas suponho que fosse de um feedback, de algo que me incentivasse a continuar. A escrever, a sentir e debitar no teclado essa erupção da alma.
Eu chamo a esse estado de alma (de jornalista, de escritor ou viajante na vida) Nostalgia. Pelo que passou e não se repetirá, pelas inúmeras possibilidades de vida que se abrem ante nós e que se vão sorver de um trago.
Isso que fazes, fazes muito bem. Porque à primeira vista, nos salta logo o seu carácter genuíno, sentido, inocente até, algumas das vezes. Por isso disse alma de jornalista. Há algo em comum, de inquieto e de paladino em almas assim. E quer-me a mim parecer que tu o tens. O gosto e o cuidado das imagens é indiscutível. A harmonia das ideias e a forma fluída como as discorres também. Podes ser uma menina afundada no sofá a escrever, mas és sem dúvida uma alma inquieta que viaja pelo mundo, o real e o sem fios, e que se dá da forma mais bela que existe. Sem reservas.
Muito generosa a tua entrega.

Um conselho: aproveita o sofá. Virá de novo a ditadura da secretária, acredita!
Beijinhos

Bela Sonhadora disse...

eu gosto e se fosse eu a declarar quem sao os best-sellers, tu eras um deles ;)

Anónimo disse...

O salário absurdamente alto que recebo pelo trabalho que faço , para mim é o justo pagamento, não desse trabalho mas do que escrevo no meu blog.

Luzia disse...

Parece que a solidão se torna menos sufocante quando temos um espaço só nosso em que a confusão de pensamentos podem ser delineadas e estruturadas em textos da alma!
Sempre gostei do que li neste blog, apesar de nem sempre comentar, e foi por ele que nos encontrámos novamente, após alguns anos e em circunstâncias muito diferentes! E assim nasceu uma amizade improvável...

Anónimo disse...

Nota Introdutória: Juro pelos santinhos todos que existem no céu (tenho os indicadores cruzados e estou a dar beijinhos) que li o texto que publicaste, bem à vontade, umas sete vezes. Depois fermentei as ideias com muita, muita força e agora sinto-me apto a mandar um bitaite.

Bitaite: O que fazes, fazes muito bem, pá!

Uff, consegui...

Eumesma disse...

Olá

Tb já passei por aqui várias vezes, mas confesso que os blogs de quem escreve bem me intimidam um pouco...:-)

O meu blog nada tem de especial, não escrevo minimamente bem, mas ele é o espelho da minha alma, é onde que que "despejo" o que dói e que o me faz bem...
Mas mais interessante do que o blog, é as pessoas que já conheci, uma em especial (e não, não é um homem, porque tb eu vivo sozinha)
:-)

Portanto toda esta lenga-lenga para te dizer que se escrever te faz bem , se é isso que gostas, continua aqui ou noutro blog qualquer. Porque mais do que a escrita, para além de ser um canto só nosso, onde "fazemos" o que nos dá na real gana, nascem laços, e isso é extraordinário...

Fica bem e desculpa o longo testamento.

Beija Flor Cyaneus disse...

Não tenho blog, é a primeira vez que entro neste Mundo, mas é realmente fantastica a sensação de libertação que sentimos ao escrever o que nos apetece. Quando nos apercebemos, ja lá vao 1500 linhas e ainda assim apetece mais...
Penso que vem aí um vicio!! Já a Oprah dizia, que é catartico!
Até recomendam aos psicopatas, como forma de libertar as suas frustrações.

Foi um prazer....

Lua disse...

Escreves e muito bem e tens a capacidade de escrever, também, aquilo que muita gente, naquele dia e naquela hora gostava de ter escrito porque afinal somos todos feitos de coração mas há uns que fingem e para mim é só isso interessa e por isso aqui venho regularmente.
Fica com um beijo meu
Ana

V. disse...

:)

Concordo.

Beijinhos*

Suzi disse...

não é sempre que venho, tu bem sabes; mas quando venho sempre gosto. também sabes.
grande abraço.
e continua!
;o)

Caetana disse...

Miss K.,
Não temos que agradar a todos!O que interessa é escrevermos e sentirmo-nos melhor por isso! Eu admito que só escrevo parvoeiras, mas também me rio muito dos disparates que escrevo...e, parecendo que não, isso é um pedacinho do todo que é a minha felicidade! Acho que isso é o mais importante, não?
*

kiss me disse...

Vim aqui dizer-te que acabei de ver o anúncio da Tvcabo sobre as novas meninas, onde aparecem todas as restantes não escolhidas. Reconheci-te na hora! Isto vai soar um bocado mal mas acho que és mais bonita do que as três juntas! (não te preocupes, eu gosto de rapazes)

Quanto ao que escreves só te posso dizer para continuares...

Anónimo disse...

Que giro que foi ligar a tv, e ver-te no anúncio da netcabo! Reconheci-te logo! Parecia que tinha acabado de ver uma amiga. Gosto mto de ler o teu blog, e pelo que vejo com tantas visitas que recebes, cada vez menos escreves para minorias.