God bless Scorsese

Acabei de chegar a casa, vinda de uma sessão de cinema verdadeiramente arrasadora! Eram gnomos a entrar na sala, era a fita a partir-se a cada cinco minutos, era o Pai Natal a distribuir presentes pelos espectadores, era a velhota da frente aos beijos ao marido... Uf! Isto dava um filme... Mas tudo não passa de uma brincadeira (é Natal, ninguém leva a mal, trá-lá-lá-lá-lá), porque a verdade é que o arraso total foi mesmo o filme: THE DEPARTED, calorosamente traduzido por "The Departed - Entre Inimigos" para não estragar o final (ou então porque vivemos num país com sérios, ou crónicos, problemas de tradução...). Ok, não vou encher isto com mais palha, quando o que quero dizer se escreve em cinco palavras - o novo Scorsese é genial. Desde o argumento (que nas mãos de outro não passaria do 3484649º policial que já vimos na vida...), aos actores (Leonardo, desculpa-me todos estes anos de descrença, afinal sabes representar, tiro-te o chapéu!), passando por coisitas menos óbvias em que eu não reparei, temos ali obra-prima. As seis nomeações para os Globos de Ouro são mais do que justificadas. Fosse este o único filme a concurso, e era desta que Scorsese levava o Óscar para casa. Mas não é, por isso vai voltar a sair do Kodak Theathre de mãos a abanar. No problem. He made the movie, that's what really matters. O quê? Não contei a história? Para isso vão ao IMDB. Do que aqui tratamos são das emoções, e essas levam-me a desejar que Deus realmente proteja os defuntos, que eles são tão talentosos...