sábado, outubro 21, 2006

Marie Antoinette*****

Mon Dieu de la France (et du Monde), comme j'ai aimé cet filme...

Caros críticos de cinema, realizadores frustados e produtores despedidos deste país, por uma vez que seja desçam dos vossos tronos de papel e não sigam os "Cahiers du Cinema" ou as vozes de colegas estrangeiros. Sejam sinceros, e assumam que o terceiro Coppola é uma genial ópera-rock, em que se contra a outra face - ou será a verdadeira? - de Marie Antoinette. Sofia deixou de lado dezenas de biografias que faziam da rainha a má da fita, uma mulher desbocada e sem maneiras que chegou a Versailles para acabar com a reputação da monarquia e voltar o povo contra ela, com os seus gastos exacerbados, as suas festas e orgias, entre tudo e mais metade.
Acontece que, normalmente, tudo na vida tem uma razão de ser. A vida da jovem Marie, que deixou a Áustria com 14 anos para casar com um desconhecido, mudou mal cruzou a fronteira com a França: o protocolo, sempre o protocolo, mandava que deixasse para trás tudo o que pertencia ao passado, das suas acompanhantes até o seu cachorrinho, Mops. Vestiram-lhe roupas que lhe davam mais dez anos, prenderam-lhe aqueles cabelos louros de virgem suicida, e a partir daí trataram-na como se fosse uma marioneta.
Isto é só o começo dos 123 minutos de cinema. Porque o resto é para aproveitar, confortavelmente sentado, e atento aos pormenores - como fica bem a música dos nossos tempos encaixada em cenas do século XVIII!... Que guarda-roupa fabuloso tem este filme, e quantos figurantes tiveram o privilégio de o vestir!! Como é tão fácil entender a angústia de Marie Antoinette, the sweetest thing, que viveu sozinha sete anos de casamento por consumar, na ausência de um marido que dormia a seu lado todas as noites... Sim, eu revi-me em muitos aspectos da personagem. Percebi-a e não lhe perdoei nada, porque acho que ela não fez NADA para o trágico final que teve.
Coppola mostrou, mais uma vez, que sabe o que quer e que não precisa que ninguém lhe aponte o caminho. O final do filme é prova disso: podia ter alargado o argumento até à altura em que a personagem é morta na guilhotina, e pôr sangue no écran, mas não. Preferiu captar um grande-plano da fantástica Kirsten Dunst (Óscar? a miúda está genial, senhores da Academia!) ao amanhecer, no momento em que ela e o rei fugiam do palácio: "I'm saying goodbye", diz Marie. E não se enganou.

1 comentário:

mir disse...

Clap!Clap!Clap!