sexta-feira, setembro 08, 2006

Remembering old times

Um dia destes, dei por mim a folhear revistas antigas. Não, não são revistas ao acaso, são todos os números da revista em que trabalhei. Saudades? Nostalgia? Talvez, quem sabe? O que sei é que dei valentes gargalhadas à custa de uma secção que fiz desde o momento em que para lá entrei: todos os meses, tinha de responder às perguntas disparatadas que os leitores nos enviavam; as respostas seguiam no mesmo tom de sarcasmo, está claro... Lembrei-me de pôr aqui uma ou outra, para partilhar mini-histórias engraçadas. Podem não ser as melhores, mas foram das que mais nos fizeram rir quando chegaram à redacção. Espero que também gostem...
P - Uma tartaruga sem carapaça está nua ou é uma sem-abrigo?
R- Nua ou sem-abrigo? É bem pior que isso, companheiro. Uma tartaruga com essas características é o mais recente brinquedo do seu sobrinho... Se está sem carapaça, é porque foi desta para melhor, já não pertence ao mundo dos vivos, é a mais recente habitante do jardim das tabuletas. Ou seja, esticou o pernil. Pois é. Se alguém retirar uma tartaruga da sua carapaça, está a mandá-la para perto dos anjinhos. É que a carapaça não é a gruta onde se esconde um eremita envergonhado, é parte integral da pele e do esqueleto deste simpático animal, e é a ela que estão unidas as suas vértebras. Moral da história: uma tartaruga sem carapaça não está a tentar lançar uma nova moda nem está em mudanças para uma casa nova. Está morta.

P - Por que é que as caixas de pizza são quadradas e não redondas?

R - Era uma vez um homem que só tinha meia hora de almoço. Foi à pizzaria mais próxima e pediu uma familiar, para levar. Pensava comê-la no carro, só que a caixa não queria abrir. Puxou a abertura agarrou com os dentes, e nada. Lá dentro, a pizza arrefecia; cá fora, o tempo para almoçar diminuía. O homem nunca chegou a comer o pitéu. Enquanto lutava com a caixa, foi contra um muro e morreu. A caixa era redonda. Moral da história: o quadarado justifica-se; a embalagem é maior que o conteúdo, sobra espaço, e é esse extra que permite uma abertura mais rápida, cómoda e fácil. E assim evita-se que: a) fiquem bocadinhos de pizza a escorrer por todos os lados; e b) alguém tenha de responder a perguntas imbecis como estas.

P - Queimar tempo mata a eternidade?

R - Tentámos falar com Deus para responder a esta pergunta, mas Ele estava ocupado a tentar provar a sua existência aos milhões de judeus que morreram no Holocausto. Resolvemos falar com os anjinhos, mas em vão: estavam num workshop de solidariedade social. Sem ninguém para nos esclarecer, aqui fica a nossa humilde e prosaica ideia da coisa: a eternidade, nos homens, não existe. As únicas coisas eternas são as acções, os sentimentos, etc, tudo coisas que não se medem e que não aparecem nas estatísticas. Quando o nosso século terminar virá outro, e outro, e outro. E de nós, nada. Por isso, a questão de "queimar" tempo nem sequer se põe. Cada um faz com a vida aquilo que quiser, o resultado é sempre o mesmo. A eternidade é agora, enquanto lê este texto, e os minutos que gastou são menos minutos que tem. Temos pena, mas é mesmo assim. Portanto, toca a acordar do sonho!

3 comentários:

Anónimo disse...

Uma eternidade, é o tempo que uma tartaruga sem carapaça demora para tentar comer uma pizza em caixa redonda. E, assim, se mata a eternidade...:)

Unknown disse...

Bom, muito bom...

criptog disse...

Essa da tartaruga saiu-me uma vez num bolinho da sorte. Estava vestido e fora de casa! :)