Muda-te e muda o mundo que não muda
Este é apenas um (arrepiante) retrato da monstruosidade que foi o Holocausto. Há mais, muitos mais, e estão espalhados um pouco por todo o lado: fotografias, filmes, relatos na primeira pessoa, livros, o genocídio está realmente bem documentado. Poderia servir para evitar outras tragédias. Mas não. Quando, hoje em dia, as tecnologias permitem passar informação de uma ponta à outra do mundo em segundos, o que a nossa televisão nos mostra, e o que os nossos jornais nos dão a ler, não é metade do horror que anda espalhado silenciosamente pelo planeta azul... Porquê?! Será que todos os editores têm a mesma visão das coisas? Ou é o director que acha que não vende? No meio disto... O Sri Lanka que controle a luta sangrenta entre o governo e os Tigres do Tamil, a Libéria (que, ironia do destino, significa "terra da liberdade") fica num cantinho e África, eles que se continuem a matar uns aos outros, a Serra Leoa parece estar controlada (acreditam mesmo nisto?!), a Birmânia tem a Aung Sang Suu Kyi (prémio Nobel da Paz) presa há tantos anos que isso nem é notícia, quanto mais as guerrilha internas, o Burkina Faso é outro caso perdido, quem lá nasce sabe que a vida tem de ser feita noutro lado, onde haja trabalho (só que esse lado não existe...), a República Democrática de Angola é um poço de petróleo e diamantes onde morrem dezenas de crianças, só que dizer isso é feio, o Sudão tem uma guerra civil sem fim à vista, e isso não abre telejornais (nem os mais de dois milhões de mortos nestes 20 e tal anos...), etc, etc...
Podia ficar aqui uma noite inteira, que nunca saberia todos os países onde se andam a passar coisas para lá de inumanas. Não falei no Iraque, nem no Afeganistão? Bem, esses são tema de capa, nem precisam de ser mencionados num miserável blog. São os outros que interessam, os de que ninguém fala. E que tal começarmos todos a querer saber "what's going on"? A mandar e-mails para as redacções, a mostrar que sabemos que há mundo para lá daquilo que nos mostram. Não têm como ir lá? Tem muita gente que está no terreno, é tudo uma questão de querer: comprem a freelancers, a agências estrangeiras. Mas mostrem, denunciem, falem, eduquem. Talvez assim a Libéria tenha hipóteses de, daqui a uns anos, sair da lista dos países considerados de alto risco para turismo. E se abra para si própria, com novos olhos, olhos de ver. De liberdade.
Sem comentários:
Enviar um comentário