quinta-feira, abril 13, 2006

"Más adentro, hasta el más allá del todo"

Se a vida é uma obra-prima, há quem saiba pegar nisso para fazer filmes brilhantes. "Mar Adentro". Já o vi há muito tempo, mas ultimamente tenho-me lembrado dele. Dele, e do seu poder em fazer com que dezenas de espectadores abandonassem uma sala de cinema completamente mudos, sem saber o que dizer... Depois de vermos Javier Bardem interpretar o tetraplégico Ramón Sampedro, que ficou presou a uma cama durante trinta anos, é impossível não compreender que a morte, para aquele homem, fosse o maior dos seus sonhos: o que lhe devolveria a vida, e que lhe permitiria, novamente, voltar ao mar, o sítio onde desde criança se sentiu em casa. Infelizmente ou não, Ramón Sampedro existiu mesmo, era espanhol e lutou um tempo infinito para que o deixassem morrer. Negaram-lhe sempre o direito à eutanásia, mas uma amiga devolveu-lhe a vida, concedendo-lhe a morte. E ele, com certeza, foi nadar em águas que nunca poderia descobrir nesta terra, porque jamais teria hipóteseses de voltar a entrar mar adentro...





E, para acabar na perfeição, Amenábar fez assim: escolheu as imagens certas, deixou a câmara correr e deslizar sobre elas, e sobre o que já parecia mágico acrescentou aquela voz grossa e inesquecível do Javier Bardem, num monólogo final. O que se ouve é um poema original de Ramón Sampedro (o verdadeiro), que acabou por dar o nome ao filme. Decidi pô-lo em espanhol porque é assim que surge no filme, e principalmente, porque é mais musical. Quem preferir lê-lo em inglês, pode ir a www.imdb.com.

Mar Adentro, Ramón Sampedro

"Mar adentro, mar adentro, y en la ingravidez del fondo donde se cumplen los sueños, se juntan dos voluntades para cumplir un deseo./ Un beso enciende la vida con un relámpago y un trueno, y en una metamorfosis mi cuerpo no es ya mi cuerpo; es como penetrar al centro del universo:/ El abrazo más pueril, y el más puro de los besos, hasta vernos reducidos en un único deseo:/ Tu mirada y mi mirada como un eco repitiendo, sin palabras: más adentro, más adentro, hasta el más allá del todo por la sangre y por los huesos./ Pero me despierto siempre y siempre quiero estar muerto para seguir con mi boca enredada en tus cabellos".

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é lembrei-me, de facto n vi este filme. Nem quis ver o q o Aménabar seria capaz de fazer...esta é a verdade. Acho q já não preciso sentir tanto numa sala de cinema. Talvez me cures...

Aconteceu me o mesmo com o broke back mas por motivos diferentes.
(não, não é uma frase gay, refiro-me ao asco mesmo) :)